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Profª Priscyla Christine Hammerl torna-se a primeira Professora Titular do IFFar - Campus São Borja

Publicado em Quarta, 28 de Agosto de 2024, 13h52 | por Ascom São Borja | Voltar à página anterior

No dia 12 de agosto, a Profª Priscyla Christine Hammerl, fez história no Instituto Federal Farroupilha - Campus São Borja ao se tornar a primeira Professora Titular da instituição.

Após 14 anos de dedicação ao IFFar, Priscyla defendeu com sucesso sua tese intitulada "Turismo, Educação e Branquitude: Reflexões sobre a Elaboração de um Roteiro de Turismo Pretagógico". Sua apresentação foi um marco não apenas para sua carreira, mas também para o campus, que agora celebra a conquista.

A defesa foi presidida pela professora Drª Fernanda Magalhães Trindade e contou com a presença das professoras Drª Regina Maria Jordão de Castro e Drª Lisandra Lavoura Carvalho Passos, do Instituto Federal de Goiás, e dos professores titulares Dr. André Luis José da Silva, do Instituto Federal de Pernambuco, e Dr. Rogério Leandro Lima da Silveira, da Universidade de Santa Cruz do Sul. Juntos, eles avaliaram a originalidade e o impacto do trabalho de Priscyla na área de conhecimento.

A tese trouxe uma nova ótica ao campo do turismo, abordando a ausência de roteiros que destaquem a cultura negra em São Borja e discutindo o Turismo Pretagógico, um movimento que visa dar protagonismo à cultura negra. Durante a defesa, foram apresentados o roteiro e o livro "Travessuras da Pépe", elaborados com base nas escrevivências de Elizabeth Ceci Vargas da Luz, conhecida como Pépe, uma importante figura negra do município. O trabalho de Priscyla promove uma reflexão sobre as africanidades no cotidiano e a necessidade de descolonizar os saberes.

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Foto: Profª Priscyla Christine Hammerl é a primeira Professora Titular do IFFar - Campus São Borja / Ascom

A escolha deste tema surgiu da própria revisão da trajetória acadêmica de Priscyla. Ao compor seu memorial descritivo, ela percebeu que suas publicações e certificados refletiam uma perspectiva racializada, o que a motivou a explorar e debater a branquitude no turismo e buscar transformações para uma educação mais antirracista.

Nascida na periferia da Vila Barros, na divisa com a favela das Pedrinhas em Guarulhos/São Paulo, e próxima à rota de pouso do aeroporto internacional, a infância de Priscyla foi marcada pela proximidade com uma comunidade negra e nordestina. Ela destaca: “nunca tive perspectivas de voar como os aviões que cruzavam o céu acima. Cresci em um bairro onde a realidade era bem diferente da de uma escola particular no centro da cidade, onde a predominância branca era evidente.”

Foi nesse ambiente escolar, predominantemente branco, que Priscyla começou a sonhar com uma carreira no Turismo, incentivada por professores que mostraram o caminho para ingressar nesse universo. Aos 17 anos, ingressou no curso de bacharelado em Turismo na Universidade Estadual Paulista, onde encontrou muitos professores brancos que a orientaram na trajetória acadêmica, um padrão que se repetiu no mestrado em Hospitalidade e no doutorado em Desenvolvimento Regional.

Aos 23 anos, foi aprovada em concurso público e se tornou professora efetiva de Turismo no Instituto Federal Farroupilha (IFFar). Durante 14 anos, Priscyla comenta que trabalhou na instituição sem questionar sua presença como mulher branca no espaço. No entanto, ao preparar seu memorial para a candidatura ao cargo de professora titular, percebeu o quanto sua trajetória estava imersa na branquitude. Este processo de candidatura foi um convite para refletir sobre sua carreira e repensar sua abordagem como educadora, levando-a a desenvolver uma tese que problematiza a forma como ensina e a influência da sua própria identidade na educação que promoveu durante esses anos. 

A Profª Priscyla Hammerl ainda comenta que a elaboração da tese revelou a necessidade de uma mudança profunda em sua prática docente, em que a conquista da titularidade marca um momento crucial de reavaliação da carreira e de transformações significativas em sua abordagem na sala de aula. Até então, ela não havia questionado seu papel como educadora, nem as escolhas de conteúdos, metodologias e bibliografias utilizadas na construção de seu conhecimento acadêmico. Atualmente, adotando novas abordagens e promovendo diálogos mais diversos com alunos e colegas, Priscyla tem reconhecido a necessidade de avançar em discussões que ainda estão predominantemente centradas em perspectivas brancas. “A titularidade me permitiu nomear e discutir essa questão com a comunidade acadêmica que me cerca. Sei que é um trabalho gradual a ser feito, mas a mudança parte primeiramente de uma ação individual, na qual me coloco como agente e responsável por este processo”, pontua.  

Para professores que aspiram a se tornar titulares, ela deixa o conselho da titularidade ser além de um simples acúmulo de títulos e sim de tratar-se de uma revisão profunda da maneira como o conhecimento e interações em comunidade são construídas pela prática docente, independente da forma como essa contribuição acontece com a sociedade e assinala: “Convido a todos a pensarem qual o seu lugar de fala neste processo. Uma pergunta importante antes de submeter uma tese ou memorial é: qual a cor está presente nos seus títulos?”

A promoção ao nível de Professor Titular é a mais alta distinção acadêmica, exigindo doutorado e a apresentação de uma tese inédita ou memorial descritivo. Priscyla alcançou esse nível com mérito, marcando um passo importante na história do campus São Borja. 

 

Assessoria de Comunicação

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