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De aluna do IFFar à professora do IFPR: conheça a história de Dida

Publicado em Terça, 16 de Dezembro de 2025, 11h33 | por Secretaria de Comunicação | Voltar à página anterior

Da primeira turma do IFFar – Campus Panambi ao quadro de servidores do IFPR – Campus Palmas, a trajetória de Cândida Brandl, a Dida, mostra como a educação pública pode transformar destinos. A estudante que caminhava entre obras e sacolinhas nos pés hoje é doutora, professora e pesquisadora da Rede Federal, levando consigo tudo o que aprendeu no lugar que considera sua segunda casa.

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Dida cursou o Ensino Médio Integrado e a graduação no IFFar e hoje é professora do IFPR/Foto: Elisandro Coelho

Quando a jovem Cândida Brandl, ou simplesmente Dida, como é carinhosamente chamada, decidiu prestar o processo seletivo para o recém-inaugurado IFFar – Campus Panambi. O ano era 2010, e ela não imaginava que aquele passo mudaria o rumo de sua vida. Na época, o Campus ainda estava em construção. “Era um frio danado, e a gente andava de sacolinha nos pés para não embarrar na entrada, porque nem tinha calçamento”, lembra, entre risos.

Filha de uma professora e de um mecânico da prefeitura, Dida cresceu em uma família que sempre valorizou o estudo. Em casa, existia uma tradição: todos os filhos deveriam fazer um curso técnico no ensino médio. “Meus pais e meus irmãos já tinham feito, então era natural que eu também fizesse. Eu pensava em seguir o caminho deles, mas o IFFar abriu bem naquele ano, e minha mãe me inscreveu no processo seletivo”, conta.

Aprovada entre as primeiras colocações para o curso Técnico em Química Integrado ao Ensino Médio, na primeira turma da instituição, ela decidiu arriscar, mesmo sem conhecer ninguém e sem saber muito sobre o que a esperava ali. “Eu era a única aluna da minha escola que passou. No começo deu medo, mas logo percebi que tinha feito a escolha certa. O acolhimento foi incrível”, recorda.

Uma segunda casa e muitas oportunidades

Durante o ensino médio, Dida mergulhou na rotina escolar. Participou de feiras, mostras científicas, foi bolsista de extensão em um projeto de basquete em cadeira de rodas, integrou a banda musical do Campus como vocalista, entre outras atividades. Ela não deixava passar uma oportunidade. “Eu sempre fui muito participativa. Tudo o que o IFFar oferecia, eu me envolvia. A gente passava o dia inteiro na instituição e se sentia parte dela. Era realmente uma segunda casa”.

Foi nesse período que descobriu no esporte uma de suas maiores paixões. Representou a instituição em diversas modalidades, como vôlei, basquete, handebol, futsal e, principalmente, atletismo, onde teve maior destaque.

Dida conquistou medalhas nos Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (JERGS), avançou para fases regionais e estaduais e representou o IFFar em etapas sub-brasileiras. O auge veio no terceiro ano, quando participou dos Jogos Nacionais dos Institutos Federais (JIFs Nacional), em Foz do Iguaçu, no Paraná. “Fiquei em segundo lugar nos 100 metros rasos, no salto em distância e no 4x100, competindo junto com alunas de Júlio de Castilhos. Foi uma experiência inesquecível”, conta.

A vivência esportiva trouxe competências que levaria para além da vida acadêmica: disciplina, organização, confiança e trabalho coletivo. Somada às demais experiências, essa formação a fez reconhecer mais ainda o papel da instituição em sua vida. “O Instituto Federal vai muito além da sala de aula. A gente aprende a ser cidadão e a enxergar o mundo com outros olhos”, reflete.

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Dida representou o IFFar no JIF Nacional, em Foz do Iguaçu, em 2013 Foto: arquivo pessoal/Foto: Arquivo pessoal

Entre idas e vindas, o reencontro com a vocação

Ao concluir o ensino médio, Dida acreditava que seu futuro estaria na graduação em Engenharia Química. Fez vestibular e Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e foi aprovada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no município de Francisco Beltrão. Mudou-se confiante de que estava no caminho certa, mas a vivência no curso trouxe uma percepção inesperada. “Descobri que não gostava de engenharia. Eu sentia falta da Teoria da Química, da sala de aula, do contato humano. Era muito cálculo e muito pouco daquilo que eu realmente gostava”.

Os dois anos em que permaneceu na UTFPR foram um período de dúvidas, ajustes e insistências. Ela se esforçava, mas não se via naquele futuro profissional. Aos poucos, a frustração começou a pesar mais do que a vontade de permanecer. Foi então que decidiu trancar o curso e retornar a Panambi, ainda sem saber qual seria o passo seguinte.

Assim que voltou à cidade, viveu o que descreve como um ponto de virada. Em uma conversa casual com um servidor do IFFar, ficou sabendo que havia vagas por demanda espontânea na Licenciatura em Química. “Eu pensei na hora: conheço a instituição, conheço os professores, sei da qualidade. Voltar fazia todo sentido”.

Já nas primeiras semanas ela teve certeza de que estava no lugar certo. A familiaridade com o Campus, a proximidade com os docentes e a rotina acadêmica estruturada ajudaram a diminuir o peso da dúvida que carregava. Determinada a recuperar o tempo perdido, Dida aproveitou as disciplinas que havia cursado na graduação anterior e montou um cronograma intenso, com aulas pela manhã e à tarde, chegando até a cursar algumas matérias junto ao curso de biologia. “Teve semestre em que eu fiz dez disciplinas. Queria me formar no tempo que eu tinha planejado para mim mesma”.

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Dida (7ª em pé, da direita para a esquerda), em 2017, ainda como estudante de graduação no IFFar – Campus Panambi /Foto: Arquivo pessoal

E assim, em três anos, ela estava formada. Nesse período ela, mais uma vez, aproveitou as oportunidades que o IFFar tinha a oferecer: foi voluntária e bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e atuou como monitora em Língua Portuguesa e Inglesa, atendendo estudantes do ensino médio e da graduação.

Essa experiência, fez com que a formação, que antes parecia incerta, se transformasse em convicção. “A licenciatura me mostrou que eu queria mesmo ser professora. Eu me encontrei na docência”, resume.

De aluna à professora

Após concluir a graduação, ingressou no mestrado e no doutorado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na área de Química Inorgânica. Hoje, ela é professora e pesquisadora do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Palmas, onde atua também como pesquisadora.

A transição da sala de aula como estudante para o quadro de servidores da Rede Federal foi, para ela, mais do que uma conquista profissional: representou a confirmação de que todo o caminho percorrido desde o ensino médio tinha valido a pena. “Sou a primeira da minha família a ser doutora e professora federal. Isso é fruto da educação pública de qualidade que eu tive”, relata.

Ela lembra que chegar a esse lugar não foi simples. Houve desafios, processos seletivos, preparação intensa e o aprendizado de como lidar com a responsabilidade de ocupar, agora, o lugar de quem ensina.

No IFPR, Dida leva consigo a forma de ensinar que aprendeu no IFFar: presença, acolhimento, diálogo e proximidade com os alunos. Ela costuma dizer que tenta replicar, em sua prática docente, tudo aquilo que viveu como estudante. “O IFFar me ensinou que a educação é feita de pessoas, de olhar para o aluno, de estar junto. É isso que eu tento fazer hoje como professora”, comenta.

Dida professora
A professora Cândida Brandl (Dida), IFPR – Campus Palmas, durante a apresentação de trabalho orientado por ela no XVI Contextos e Conceitos, em 2024/Foto: Arquivo pessoal

Laços que permanecem

Entre tantas memórias, Dida guarda com carinho a relação com as pessoas que a acompanharam ao longo do caminho. Uma delas é a professora Aline Machado Zancanaro, sua referência acadêmica e pessoal. “A professora Aline foi, e ainda é, uma inspiração. Fiz o mesmo mestrado e doutorado que ela, na mesma área da Química. Hoje, mais que uma ex-professora, ela é uma amiga”, conta.

O sentimento é recíproco. “Ver a Cândida, minha eterna pequena, como professora da Rede Federal é uma realização dela, mas também minha”, afirma Aline. Ela se recorda com emoção de quando recebeu um texto escrito por Dida em uma disciplina pedagógica: “Ela escreveu sobre um professor inesquecível, e era sobre mim. Chorei muito. Às vezes, a gente nem imagina o impacto que causa na vida de alguém”.

Para a professora, acompanhar o crescimento da ex-aluna é motivo não só de orgulho, mas principalmente, de afeto. “Hoje ela faz parte da minha vida, é minha família. Cada conquista dos alunos nos enche de alegria, e com ela, eu só tive felicidades”.

Outros servidores também marcaram sua trajetória: os professores Lucilene, Alessandro e Marcelo, que a acompanharam no ensino médio e na graduação; as professoras Ana Rita, Cátia e o professor Fábio, que auxiliaram na revisão de planos de aula; a técnica de laboratório Josi, presente desde o início; e as servidoras da secretaria, sempre prestativas e acolhedoras. Cada um, segundo ela, representa um pedaço fundamental do caminho dentro do Campus.

Os laços de Dida também incluem a relação com a gestão. Desde o ensino médio, sentia-se reconhecida até por quem ocupava cargos mais altos. “Lembro da reitora Carla Jardim me encontrar em um evento e dizer: ‘Tu aqui de novo, Cândida?’. Isso marcava muito, porque mostrava que a gente era visto”. Ela conta que esse sentimento permanece até hoje. “Agora eu me vejo conversando com pró-reitores, com diretores de outros campi, com a própria professora Nídia, e isso é muito legal. A gente percebe que continua fazendo parte da instituição, mesmo à distância”.

A atual reitora do IFFar, professora Nídia Heringer, destaca que histórias como a de Dida são um reflexo da verdadeira essência da instituição. Para ela, os Institutos Federais se fundamentam em vínculos humanos profundos, construídos no cotidiano das relações, onde gestos simples, como reconhecer um estudante pelo nome, revelam o compromisso da instituição com uma educação que vai além da sala de aula. “Isso mostra que o IFFar não apenas forma profissionais, mas constrói trajetórias de vida alicerçadas na relação humana, no cuidado e na qualidade do ensino”, completa.

Dida e reitoras
Dida (centro) ao lado da ex-reitora, Carla Jardim (esq), e da atual reitora, Nídia Heringer (dir), durante a 4ª Reunião dos Dirigentes dos Institutos Federais da Região Sul (Reditec Sul), em 2023/Foto: Divulgação

Até breve, Dida

Mesmo feliz com a carreira no Paraná, existe um vínculo que não se desfaz: o sentimento de pertencimento ao IFFar. A cada conquista, é ao Campus Panambi que sua memória retorna. Ela acompanha o crescimento da instituição, visita sempre que pode, mantém laços com antigos professores e colegas, e se emociona ao perceber que, de alguma forma, sua história continua entrelaçada com o lugar onde tudo começou.

É nesse ponto da conversa que ela sempre retorna ao mesmo sentimento: gratidão. Gratidão pelos seis anos que passou no IFFar e por todas as oportunidades que a instituição lhe proporcionou. Gratidão pelas pessoas que contribuíram para sua formação e pela confiança que recebeu quando ainda era apenas uma adolescente tentando descobrir seu lugar no mundo. “Eu sempre digo que o Instituto Federal mudou a minha vida. Me preparou, me deu base, me deu propósito. Tudo o que eu sou, profissional e pessoalmente, passa por lá”.

E, junto com a gratidão, permanece um desejo: “Meu maior sonho é voltar um dia, para retribuir tudo o que recebi”, finaliza.

Redação: Daniele Vieira – estagiária de Jornalismo
Revisão : Rômulo Tondo – Jornalista
Coordenador de conteúdo: Elisandro Coelho – Relações Públicas

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