1 ano de atividades remotas: apoio institucional foi decisivo para a permanência
A migração da sala de aula presencial para as telas foi um desafio para toda a comunidade acadêmica. Estudantes em situação socioeconômica mais vulnerável contaram com apoio financeiro para acompanhar o ano letivo. Atendimento psicológico e união entre colegas também ajudou a superar desafios em 2020.
Em março de 2020, mais de 10 mil estudantes dos cursos de graduação, pós e técnicos presenciais deixaram de se deslocar de suas casas para os campi do IFFar. Longe da sala de aula, alunos e alunas precisaram se adaptar como puderam, muitas vezes sem espaço adequado, compartilhando equipamentos, lidando com instabilidades na conexão com a internet ou mesmo com a ausência dela. Para aqueles em situação socioeconômica mais vulnerável, a migração do ensino presencial para o remoto trouxe ainda mais dificuldades.
Nesse cenário, o IFFar precisou tomar medidas para garantir a permanência e o êxito durante a pandemia. Uma delas foi a concessão de auxílios financeiros a partir de abril do ano passado, em três modalidades: emergencial, eventual e inclusão digital.
Em 2020, foram direcionados mais de 4 milhões de reais em recursos para que 3.354 auxílios fossem repassados a alunos e alunas. No total, 2.730 estudantes foram beneficiados, sendo que os mais necessitados puderam receber mais de uma modalidade. Os números também incluem o auxílio atleta, concedido a 20 estudantes nesse período.
Outros alunos e alunas foram beneficiados com o empréstimo de bens: foram 415 equipamentos e 20 pen drives fornecidos no último ano. Além disso, 112 residentes em áreas sem cobertura de internet receberam material impresso para acompanhar as aulas.
Estudantes em vulnerabilidade social também receberam kits de alimentos adquiridos pelo IFFar através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). A seleção dos beneficiários foi por meio de editais publicados pelos campi, que distribuíram cerca de 4.500 kits entre abril e dezembro de 2020.
Foto: entrega de alimentos no Campus Santo Ângelo (dez/20).
Ajuda financeira que veio na hora certa
Emilly Granella Dutell, 15 anos, do Campus Frederico Westphalen, foi uma das estudantes que recebeu auxílio emergencial. Atualmente no 2º ano do técnico integrado em agropecuária , ela conta que "Foi uma ajuda muito necessária, pois meus pais trabalham com agricultura, que nesse ano não rendeu muito por conta das secas. Então o auxílio foi muito útil para as coisas mais básicas”.
Antes de receber apoio financeiro, Luciano Alfonso Casten de Matos, 16 anos, morador de uma área rural, precisava se deslocar para poder assistir às aulas pelo celular. Para o envio das atividades do 1º ano do técnico em agropecuária do Campus São Vicente do Sul, contava com a ajuda de uma colega.
"Tinha que ir alguns quilômetros longe para ter acesso aos dados móveis e além de que era no meio da estrada, então tive que improvisar. Coloquei um banco e ia lá estudar, mas não era só isso. Na época, não conseguia enviar os trabalhos com meu celular e só consegui porque fazia e enviava para uma colega e ela enviava para mim”. Com os auxílios financeiros emergencial e de inclusão digital recebidos, ele conseguiu assinar um plano de internet em casa e parcelar um notebook para os estudos.
"Pensávamos que seria por 15 dias”
Antes da pandemia, a rotina da acadêmica Patricia Lunardi Martins (foto), 27 anos, atualmente no 7º semestre da Licenciatura em Química, era bastante intensa. Diariamente, ela se deslocava de ônibus de São Francisco de Assis, onde mora, até o Campus São Vicente do Sul.
Dividida entre as aulas e as atividades como bolsista do Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (NAPNE) e de residência pedagógica, “o dia começava pela manhã e finalizava às 22:35, quando terminavam as aulas da graduação”.
Ela relembra a surpresa quando soube da suspensão das atividades presenciais, em março de 2020. “Quando no domingo recebemos a notícia que as aulas estavam canceladas, foi um susto, mas pensávamos que seria por 15 dias”. Com a mudança de rotina forçada pela situação pandêmica, ela relata que o maior desafio foi não ter mais "o local certo para assistir às aulas, não ter o conforto das salas de estudos da biblioteca para sentar, estudar e fazer os trabalhos. Em casa não tinha um lugar próprio para isso, já que passava a maioria dos dias no campus!".
Foi aí que o apoio institucional fez a diferença. Além da bolsa do NAPNE, Patricia pôde contar com os auxílios emergencial e inclusão digital para comprar móveis e materiais de estudo. Sobre os estudos em casa, "Não foi fácil no início, pois era tudo novo para nós alunos e para os professores que não sabíamos qual era a melhor forma de trabalhar neste modelo de ensino. Acredito que com muita paciência e muita união foi possível e ainda será possível manter as aulas de forma remota até o momento que for necessário e seguro para nossa saúde".
No laboratório do curso de Química, ela teve a oportunidade de ajudar outras pessoas com a produção de um material tão presente hoje em nossas vidas: o álcool em gel. "Participar da produção de álcool em gel é mais que um aprendizado, é saber que iremos ajudar aquelas pessoas da cidade de São Vicente do Sul que não têm condições de comprar. No ano de 2020 foi feito álcool glicerinado e doado para a prefeitura fazer a distribuição entre os mais carentes. Neste ano, a produção foi em janeiro e foi feita a doação de mais de 600 frascos para a área da educação da cidade, já que as aulas estavam prestes a começar".
Patrícia também é representante discente no Comitê Institucional de Emergência (CIE) e presidenta do Diretório Acadêmico da Química.
Para estudante, união entre colegas contribuiu para a permanência
A vida acadêmica de Gabriel Fonseca (foto), 20 anos, começou bem diferente do que um calouro poderia imaginar. Depois de aproximadamente um mês de aulas no Campus Frederico Westphalen, ele e os outros estudantes da Licenciatura em Matemática receberam a notícia de que o convívio presencial estava suspenso.
Não bastasse a distância das colegas, Gabriel também precisou enfrentar desafios pessoais. “Fiquei desempregado ao ingressar na graduação e quando estava prestes a conseguir um emprego a pandemia chegou e impediu que eu conseguisse isso. Me vi sem condição alguma de manter os materiais necessários para conseguir prosseguir com os estudos (como internet, por exemplo)”.
Sem a estrutura física disponibilizada pelo campus, as atividades de ensino de Gabriel foram possibilitadas graças ao auxílio emergencial recebido. “Com o auxílio financeiro, consegui prosseguir com os estudos e não desistir do meu sonho. Sou extremamente feliz por fazer parte da instituição!”.
O convívio com os colegas precisou encontrar novos espaços, virtuais, para que conexões de apoio reais fossem estabelecidas. Gabriel conta que foi criado um grupo da turma no WhatsApp, onde se comunicam com frequência. Reuniões no Google Meet também auxiliaram a fortalecer a união entre alunas e alunos.
Para o estudante, esse compartilhamento foi decisivo para que muitos conseguissem seguir em frente, mesmo em meio às tantas dificuldades impostas pela pandemia. “No começo foi complicado, mas nossa relação foi ficando forte e eu acredito que muitos não desistiram [dos estudos] também por causa desse coleguismo. Criamos laços muito fortes onde um ajuda o outro. O ato de ajudar o colega é o mesmo que dizer ‘eu também estou nesta situação, vamos passar por isso juntos... vamos tentar’.”
Apoio psicológico nos momentos mais difíceis
Para a acadêmica Juliely Pedron, 24, o apoio do IFFar foi além do financeiro. Técnica em Manutenção e Suporte em Informática pelo Campus Alegrete e estudante de licenciatura em Química do Campus São Vicente do Sul, em 2020 ela perdeu a mãe para a Covid-19. "Recebi amparo da instituição um dia após o falecimento de minha mãe, a psicóloga entrou em contato comigo e iniciamos acompanhamento. Foi bem importante".
Além de atender novas situações de risco e vulnerabilidade social que poderiam impedir a continuidade dos estudos, a implementação dos auxílios em caráter emergencial pelo IFFar também veio para suprir a necessidade de estudantes que dependiam de outras bolsas antes da pandemia. É o caso de Juliely, que até janeiro do ano passado era bolsista CAPES. "Fiquei sem amparo até receber estes auxílios". Os auxílios que a estudante recebeu do IFFar foram o emergencial, que ajudou a custear a internet de casa, e o kit de alimentos.
"Não consegui passar em todas as disciplinas do semestre, mas não fiz trancamento. Acredito que esse amparo da instituição me ajudou bastante em continuar estudando". Ela irá concluir o curso em 2021.
Auxílios continuam em 2021
Segundo a Diretoria de Assistência Estudantil do IFFar, os auxílios em caráter emergencial (emergencial, eventual e inclusão digital) continuarão a ser ofertados em 2021. A seleção de estudantes para receberem auxílio inclusão digital, no valor mensal de R$ 80, foi aberta na primeira semana de abril pelos campi (chamadas publicadas nas páginas de editais de cada campus).
As chamadas para o auxílio emergencial devem ser publicadas em breve, ainda neste mês. Já o auxílio eventual será destinado aos estudantes que tiverem alteração na situação socioeconômica ao longo do ano letivo e que não foram contemplados no período de seleção dos editais. A concessão desse último é realizada mediante solicitação do estudante e análise de assistente social.
1 ano de atividades remotas no IFFar
No dia 16 de março de 2020, o IFFar suspendeu as atividades presenciais em todas as suas unidades por conta da pandemia de Covid-19. A decisão transformou a rotina de estudantes, servidores técnicos-administrativos e docentes, impactando especialmente o ensino. A partir daquele dia, mais de 10 mil estudantes dos cursos de graduação, pós e técnicos presenciais deixaram de se deslocar de suas casas para os campi do Instituto.
À medida que o cenário de calamidade pública mostrava-se mais longo do que poderíamos imaginar, diversas normativas e orientações para a comunidade acadêmica precisaram ser publicadas ao longo do ano. Compreender e explorar as funcionalidades do SIGAA se tornou essencial. Foi preciso construir, juntos, novas formas de preparar, transmitir e acompanhar aulas e outras atividades acadêmicas, bem como de interagir com as turmas.
Esta série tem como objetivo relembrar ações institucionais de enfrentamento da pandemia, assim como trazer depoimentos de estudantes e servidores.
Secom
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