Dia Nacional do Surdo
No Brasil, o dia 26 de setembro é celebrado como o Dia Nacional do Surdo, devido ao fato desta data lembrar a inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1857, com o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos.
O IFFar – Campus Santo Augusto conta atualmente com um aluno surdo, o acadêmico do Bacharelado em Administração, Jonathan Gonzatto, acompanhado em sala de aula pelas intérpretes de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, Franciele Roberta Fritzen e Elisangela Teresinha Andolhe.
Jonathan é Licenciado em Educação Física pela Unijuí e ingressou no curso de Administração no segundo semestre do ano passado, como portador de Diploma. Mesmo sendo formado ainda não estava inserido no mercado de trabalho, por isso buscou uma nova formação. “Quando ingressei no curso de Educação Física, tinha muitas dificuldades para me comunicar com os colegas e professores e um dos recursos que utilizou para tirar dúvidas do conteúdo, foi o e-mail. Depois de formado, tentei seleção no mestrado em Educação Física na UFSM, fiquei suplente. Em 2022, através do site do IFFar, descobri que havia vagas remanescentes no curso superior de Administração, no qual ingressei como Portador de Diploma. Gosto de estudar nesta área, visto que a Administração pode me dar oportunidades para trabalhar em empresas”, destaca Jonathan.
Existem muitas pessoas que não fazem nem ideia de como se comunicar com um surdo, pensam ate que não são capazes de ler e escrever. Jonathan tenta aproveitar as tecnologias assistivas para ajudar na comunicação com as pessoas. “Tenho dificuldade na área da socialização, pois aqui em Santo Augusto são poucos os surdos e não temos uma comunidade surda ativa, então estou me desafiando a me aproximar dos colegas do IFFar”.
Quanto à questão do preconceito Jonathan relata já ter sofrido várias vezes. “Minha mãe esteve presente em alguns casos e me defendeu, pois algumas pessoas ainda acreditam que todo o surdo é mudo e acabam nos colocando apelidos como, por exemplo, mudo, mudinho, surdo-mudo, e não quer dizer que todo o surdo é mudo, somos na grande maioria apenas surdos. São estas atitudes que me revoltam, falta de respeito, falta de conhecimento sobre a Língua de Sinais, Comunidade Surda e a diferença entre pessoa surda e aquela pessoa que pode ser muda. Então peço com muito respeito que não nos chamem de surdo-mudo”.
Jonathan esta buscando uma oportunidade de trabalho em Santo Augusto e relata o quanto tem sido difícil essa procura. “No momento está muito difícil de achar emprego, sem justificativas, mas estou na luta com isso para quebrar o tabu e preconceito nesta cidade pequena e estou constantemente enviando currículos. Sou capaz de aprender algo novo, sou inteligente e esperto, quero crescer e ser melhor em minha carreira e não penso qual salário vou receber da empresa, e sim buscar as experiências”.
Quanto ao acesso a um profissional de LIBRAS dentro dos ambientes acadêmicos, Jonathan relata como tem sido sua experiência no IFFar. “Desde que ingressei no Bacharelado em Administração tenho acessibilidade, tendo duas intérpretes que se revezam durante as aulas, bem como para eventos e atividades acadêmicas. Continuo sempre me desafiando para que assim eu consiga aproveitar o curso e cada vez mais aprofundar meu conhecimento”.
Segundo as intérpretes de LIBRAS, Franciele e Elisangela, existem muitas dificuldades encontradas durante a interpretação, pois não existem sinais para todas as palavras principalmente para muitos conteúdos específicos que são estudados no cotidiano. “São inúmeras as vezes que nós precisamos parar a interpretação e buscar o significado da palavra e encaixar no contexto que está sendo estudado. Temos que combinar sinais e sem dúvida esse processo demanda tempo e exige do intérprete muita agilidade. LIBRAS é uma ferramenta muito importante de inclusão social, além de ser um dos principais pilares da cultura surda, sendo os intérpretes as pessoas responsáveis por trazer os surdos para o cotidiano das pessoas ouvintes, fazendo uma ponte entre elas e a comunidade surda”.
Jonathan com as intérpretes Elisangela e Franciele.
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