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Notícias Santa Rosa

Projetos do IFFar levam diálogos sobre Gênero e Violência Sexual a escolas

Publicado em Quinta, 23 de Fevereiro de 2023, 20h14 | por Ascom Santa Rosa | Voltar à página anterior

Dois projetos de pesquisa e extensão coordenados pela professora Rubia Emmel do IFFar – Campus Santa Rosa promovem diálogos sobre Gênero e Violência Sexual em escolas de educação básica. Saiba mais sobre os projetos.

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Foto: professora Rúbia Emmel, a ex-aluna do IFFar, Luana Strelow, e a atual aluna Milene Vieira (da esq. para dir.)

Desde 2016, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências é comemorado em 11 de fevereiro. A data foi estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para dar visibilidade e estimular a pesquisa científica desenvolvida por mulheres

Para marcar a data no IFFar, conversamos com a professora Rubia Emmel e duas estudantes integrantes de dois projetos de pesquisa e extensão que se relacionam e levam discussões sobre Gênero e Violência Sexual a escolas de educação básica.

A professora Rubia Emmel é coordenadora dos dois projetos. O de extensão é intitulado "Jogos Reflexivos: promovendo diálogos sobre Gênero e Violência Sexual em Escolas de Educação Básica". Através deste projeto, estudantes de licenciatura do Campus Santa Rosa discutem questões envolvendo gênero e violência sexual com crianças e adolescentes de escolas públicas através de uma abordagem lúdica, envolvendo jogos de trilha.

Jogos de trilha são aqueles que envolvem peões se movimentando em um tabuleiro a partir do lançamento de dados - semelhante ao que ocorre em jogos tradicionais como Banco Imobiliário e Jogo da Vida. Ao movimentarem-se pelo tabuleiro, os participantes do jogo compram cartas que trazem temas para serem discutidos entre alunos, professores e professores em formação.

As reflexões partem já da escolha dos peões utilizados para se movimentar no jogo. Também denominados avatares por representarem os jogadores no tabuleiro, eles trazem imagens de mulheres que fazem parte da história, como empreendedoras, pintoras e cientistas.

As cartas compradas podem ser de três tipos: vermelhas, com dados e informações negativas; verdes, com informações positivas; e amarelas, com assuntos que trazem questões para se pensar. Os assuntos trazidos nas cartas envolvem diversos temas, como questões de gênero e identidade sexual, violência contra a mulher, educação sexual, informações sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), entre outras.

A professora Rubia Emmel explicou que o jogo é uma forma de atrair o interesse e estimular o diálogo com os estudantes do ensino fundamental. Ela contou que os alunos gostam muito de participar do jogo. Em atividades que envolvem outros projetos de extensão, esse é, de acordo com a professora, um dos preferidos pelos estudantes.

"Às vezes tem desconhecimento, às vezes tem vergonha de falar sobre certos temas, mas eles gostam de jogar. Quando vem para os projetos de extensão, esse, do jogo, é o que mais gostam. Eles gostam de jogar, cada um do seu modo. Eles vêm de um universo que tem muita informação incorreta. Trazer informações de forma mais correta é importante", explicou a professora Rubia Emmel. Ela também contou que as discussões são conectadas com outros temas, como músicas tradicionalistas, que muitas vezes trazem machismo nas letras.

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Foto: projeto de extensão da professora Rubia Emmel sendo aplicado em sala de aula

O projeto de extensão surgiu da percepção da necessidade de se tratar esses temas nas escolas. Nesse sentido, foi importante a parceria com um órgão de Santa Rosa que lida com casos de violência e abuso sexual infantil, que diagnosticou essa necessidade.

Outro ponto de partida foi o projeto de pesquisa também coordenado pela professora Rubia Emmel intitulado "As concepções de Corpo, Gênero e Violência Sexual de Crianças e Adolescentes na Educação Básica". O projeto vem sendo realizado há três anos e procura entender a concepção dos estudantes sobre as questões de gênero, corpo e sexualidade.

Através de pesquisas documentais envolvendo políticas públicas e legislações e pesquisas de campo, o projeto busca extrair temas relevantes que possam ser debatidos com estudantes das licenciaturas do IFFar. Assim, eles poderão trabalhar esses assuntos junto aos alunos da educação básica. De acordo com a professora Rubia Emmel, essas pesquisas trazem novas possibilidades de análise e novos olhares. Esses dados também alimentam as discussões realizadas através do projeto de extensão.

O interesse nos projetos não vem apenas dos alunos que participam dos jogos. A professora Rubia Emmel explicou que os professores e coordenadores também apreciam as ações e buscam o projeto, perguntando se ele será realizado e pedindo o desenvolvimento dele em suas escolas.

Milene Cabral Vieira, estudante do 5º semestre da licenciatura em Ciências Biológicas do IFFar – Campus Santa Rosa, é uma das participantes dos projetos. Ela contou um pouco mais sobre a participação dos alunos das escolas nas discussões promovidas pelo projeto de extensão. Ela relatou o caso de uma menina que, através do jogo, conseguiu falar tranquilamente sobre o assunto.

"No começo, muitas têm receio de falar porque têm vergonha. Com o jogo, elas começam a se abrir mais". Ela disse que, com o projeto, as meninas aprendem, por exemplo, o que é abuso. As estudantes acabam relatando situações que parecem normalizadas e conseguem enxergar os problemas, como a questão das roupas, por exemplo. "Cada uma tem o direito de usar o que quer. Se sentem culpadas, mas aprendem que não são. Também vão surgindo novos temas, coisas surpreendentes, diferentes olhares".

Milene integra os projetos desde 2021. Ela também destacou o fato de o projeto preparar futuros professores para lidar com o tema e ampliar a discussão, para além das questões técnicas e fisiológicas. "Uma hora as questões vão aparecer e os alunos vão buscar os professores de biologia. É importante o professor ter a postura de não trazer o conteúdo apenas de forma biológica, fisiológica, higienista. Tem muito tabu em relação ao tema. Muitos professores querem passar apenas o que está no livro didático".

Luana Berro Strelow é hoje estudante do 3º semestre do curso de Biologia da UFSM. No entanto, ela integrou o projeto de pesquisa da professora Rubia Emmel quando ainda fazia o ensino médio no IFFar, entre 2020 e 2022. Ela também comentou sobre a possibilidade de ampliar as discussões envolvendo corpo, gênero e sexualidade através da pesquisa.

"É importante não trazer o assunto apenas de forma técnica, fisiológica. Tem que contextualizar com a questão social. O que é corpo? O que é sexualidade? O que é ser homem, ser mulher? A questão da identidade de gênero: como você se identifica? Como funciona a questão social do corpo? O que costumes, roupas e acessórios falam sobre mim? Acreditamos que trabalhando desse jeito conseguimos inclusive fazer os alunos se respeitarem mais na sala de aula", explicou Luana.

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Foto: detalhe do tabuleiro do jogo elaborado pelo projeto de extensão

Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências

Milene Vieira e Luana Strelow também comentaram sobre a importância da realização da pesquisa em seus percursos formativos no IFFar. Luana contou que entrou no projeto a convite de um professor, durante o curso técnico integrado ao ensino médio que realizava no Campus Santa Rosa. Com a participação no projeto, a estudante passou a pesquisar um tema sobre o qual ainda não tinha parado para pensar.

Como parte do projeto, ela realizou um curso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre o tema. Além do conhecimento adquirido, Luana aprendeu que podia fazer ciência e escrever artigos acadêmicos. "É importante começar já na educação básica, na iniciação científica. Eu não imaginava seguir na área das Ciências Biológicas. Através da ciência, me apaixonei pela área".

Hoje aluna da UFSM, Luana pretende seguir trabalhando tanto na licenciatura quanto com pesquisa. Agora seu interesse se dirige mais para a área das ciências aplicadas – na Universidade, ela trabalha na área da genética. A estudante ressalta, no entanto, a necessidade de enxergar que "Ensino faz pesquisa, que também existe pesquisa na área da Educação".

Luana também relatou que a pesquisa realizada durante o ensino médio a colocou um passo à frente em relação aos seus colegas de graduação. "Os estudantes acabam entrando muito imaturos na faculdade. Precisam começar a fazer esse trabalho de se enxergarem como professores. É um trabalho um pouco complicado. Mas a participação no projeto me coloca um passo à frente em relação a outros colegas que não tiveram o mesmo acesso".

Em relação a participação de mulheres e meninas na ciência, Luana acha que elas ainda são minoria. "Enquanto mais subimos na pesquisa, menos mulheres vemos. Tem também a questão da maternidade, que dificulta estar sempre disponível para a ciência. Acredito que precisamos falar sobre o espaço das mulheres na ciência, para que tenhamos exemplo".

Milene Vieira também falou sobre a importância dos exemplos. "Na escola, não escutamos professores falando sobre mulheres cientistas. Foi quando entrei na graduação, no IFFar, que vi que elas também fazem ciência. Ao longo do ensino médio, nunca ouvi falar".

Quando entrou na faculdade, Milene "não fazia ideia" do que era pesquisa e extensão. Ela já tinha interesse nos temas que hoje pesquisa, e passou a integrar os projetos a partir do convite de uma colega que era integrante. "Achava que pesquisa era uma coisa difícil de alcançar. A minha ideia de pesquisador era a pessoa no laboratório de jaleco. Como mulher, fazer parte da pesquisa é muito importante".

Mulheres cientistas no IFFar

O Instituto Federal Farroupilha tem hoje 136 projetos de pesquisa cadastrados em seu sistema. Desses, 64 são coordenados por mulheres servidoras da instituição. Além disso, dos Núcleos de Inovação de Inovação e Transferência de Tecnologia (NITs) existentes em cada um dos campi do IFFar, nove são coordenados por mulheres.

Embora não haja ações específicas para o incentivo de mulheres na ciência na instituição, os editais de pesquisa incluem extensão de prazo em um ano para avaliação das produções acadêmicas de pesquisadoras que estejam em licença maternidade. Com isso, busca-se a garantia de maior igualdade para as mulheres nos processos de seleção para concessão de recursos e bolsas.

Saiba mais

Conheça dois projetos de pesquisa do IFFar coordenado por mulheres (texto publicado em 2022)

Secom

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