Na última segunda-feira, 31 de março, foi veiculada nas redes sociais a matéria “A falência dos vinhedos – como um veneno usado na soja está matando as uvas do Sul”. Uma das especialistas entrevistadas foi a professora Ana Lúcia de Paula Ribeiro, do Instituto Federal Farroupilha – Campus São Vicente do Sul.

Na reportagem, ela comenta os resultados de uma pesquisa realizada em 2017, que identificou resíduos do herbicida 2,4-D em propriedades da região de Jaguari/RS. A produção de uvas na região tem grande importância econômica, social e cultural, e a reportagem mostra que muitos produtores estão tendo que erradicar videiras inteiras, devido às deformações foliares e à queda de produtividade.

O material faz parte de uma série de micronarrativas produzida pelo repórter Marcelo Canellas e pelo cinegrafista Fábio Ibiapina, que revela os impactos do 2,4-D — um agrotóxico utilizado em lavouras de soja. Altamente volátil, o produto se dispersa com o vento e tem causado prejuízos em plantações localizadas a quilômetros de distância do ponto de aplicação.

Canellas e Ibiapina são profissionais amplamente reconhecidos no jornalismo brasileiro, com décadas de atuação na Rede Globo de Televisão e diversos prêmios nacionais e internacionais no currículo.

O vídeo pode ser assistido abaixo:

SOBRE O ESTUDO:

O estudo investiga a presença do herbicida 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) em videiras do município de Jaguari/RS, após relatos de fitotoxidez nas plantas, atribuída à deriva de agrotóxicos utilizados em culturas vizinhas. No referido município, a Lei Municipal nº 3.163/2017 restringe o uso de herbicidas à base de 2,4-D no período de 15 de setembro a 15 de março de cada ano agrícola. Mesmo após a promulgação da lei, os agricultores da região notaram que suas plantações estavam danificadas, apresentando deformações, queda das folhas e perda de produtividade.

A professora Ana Lúcia de Paula Ribeiro explica que, diante desse cenário, a pesquisa foi encomendada pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. O estudo foi realizado por meio de uma parceria entre o Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Para avaliar a contaminação, a equipe coletou 62 amostras de folhas de videiras em seis propriedades da região entre setembro e dezembro de 2017. As análises foram feitas no Laboratório de Análises de Resíduos e Pesticidas (LARP) da UFSM, utilizando o método QuEChERS para preparo das amostras e análise por HPLC-MS/MS.

Os resultados apontaram a presença de resíduos de 2,4-D em 69% das amostras, comprovando a hipótese de deriva do herbicida, o que corrobora os danos relatados pelos produtores locais.

Parte do estudo compôs a monografia de Ana Paula Rodrigues Brum, então aluna da Especialização em Manejo e Cultura de Grãos (2017–2018). Em 2020, os resultados foram publicados em artigo, na revista Research, Society and Development. Acesse aqui para ler o artigo na íntegra.