IFFar muda trajetórias e abre caminhos para quem sonha com a educação

^{Jéssica colou grau em Sistemas de Informação pelo IFFar – Campus São Borja em 2023. Foto: Divulgação}

Aos 32 anos, Jéssica resume sua história em uma palavra: superação. Nascida em uma família humilde do interior paulista, filha de mãe solo e batalhadora, ela cresceu entendendo que os estudos eram o único caminho possível para mudar sua realidade e ajudar seus familiares. “Desde criança, o sonho de cursar uma faculdade me acompanhava. Mesmo com todas as dificuldades, minha mãe sempre fez o possível para nos dar as melhores condições e me incentivou a estudar”, relembra.

Em 2010, Jéssica concluiu o ensino médio em uma escola pública no interior de São Paulo. No ano seguinte, começou a trabalhar, primeiro como atendente de restaurante, depois como copeira hospitalar e, em 2017, como recepcionista em um consultório odontológico. Nesse período, também concluiu um curso técnico em Administração, enquanto o sonho de cursar uma graduação seguia vivo.

“Sete anos depois do ensino médio, a faculdade ainda era um objetivo constante no meu pensamento. Eu sabia que era a única forma de melhorar de vida, mas parecia distante da minha realidade. Minha família não tinha condições de pagar uma faculdade ou arcar com moradia, e eu não tinha tempo nem recursos para fazer cursinho preparatório”, lembra.

Mesmo assim, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), avaliação que se tornou uma das principais formas de ingresso ao ensino superior para milhares de brasileiros. E foi a partir dessa prova e de uma rede de apoio formada por amigos da igreja que uma nova possibilidade se desenhou. Convidada a morar em São Borja, Jéssica cogitava estudar na Argentina. Ao pesquisar sobre instituições públicas da cidade, encontrou o IFFar – e descobriu que o curso de Sistemas de Informação se aproximava dos seus sonhos profissionais.

“Usei minha nota do Enem para me inscrever no SISU. Fui chamada e, com a ajuda da minha ex-patroa, que acompanhava a lista de espera, descobri que meu nome havia sido convocado. Foi um momento de muita alegria”, recorda.

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^{Discurso de Jéssica na colação de grau do IFFar – Campus São Borja. Foto: Divulgação}

Em 2017, Jéssica se mudou para São Borja e começou o curso de Sistemas de Informação. A adaptação não foi fácil. Longe da família, enfrentou o frio gaúcho, a diferença cultural, o assédio durante a viagem até a cidade e, mais adiante, os desafios da pandemia. “Também enfrentei a pandemia, lutei muito para conseguir terminar o curso. Foram muitos obstáculos até o término do curso em dezembro de 2022”.

As políticas públicas voltadas à permanência estudantil foram essenciais para sua trajetória. As ações afirmativas, a moradia estudantil, as bolsas e o apoio de servidores e professores fizeram a diferença. “Sem isso, eu não teria permanecido. O IFFar me deu as condições para lutar pelo meu sonho”, afirma.

Depois de formada, ainda enfrentou dificuldades para se inserir no mercado de trabalho. Mas uma nova chance surgiu com a abertura da pós-graduação no próprio campus, onde foi contemplada com uma bolsa voltada a pessoas negras. Para permanecer na cidade, matriculou-se em um novo curso de graduação para continuar tendo acesso à moradia estudantil, após mobilizações junto à equipe pedagógica.

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“Concluí a pós em fevereiro de 2025 e sigo cursando Gestão de Turismo. Nesse meio tempo, me inscrevi em um processo seletivo para professora substituta no IFFar e, para minha surpresa, fui chamada. Foi mágico retornar ao campus como docente. Me senti honrada por Deus e pelo IFFar”.

Agora, Jéssica sonha ainda mais alto: quer prestar concurso público, fazer mestrado, doutorado e continuar inspirando outras pessoas. “O IFFar transformou a minha vida. Aqui tive oportunidades, encontrei acolhimento e descobri o quanto posso conquistar. Mas senti falta de ver mais mulheres negras nesses espaços. Quando uma de nós chega, é uma vitória coletiva”. E deixa uma mensagem poderosa aos jovens negros e negras: “Independente das circunstâncias, lutem com garra e coragem. No final, tudo vai valer a pena”.

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Secom