Mobrec - Marcos Rolim fala sobre escolaridade e violência
A relação entre escolaridade e violência foi tema da segunda conferência dos eventos integrados de educação que ocorrem no Clube Recreativo Dores, em Santa Maria, até sexta-feira (10). O Instituto Federal Farroupilha é uma das instituições promotoras.
O XVI Congresso Internacional de Educação Popular, o XXV Seminário Internacional de Educação Popular, o III Seminário Internacional Sindical - 2º Núcleo do CPERS Sindicato e o III Seminário Internacional de Educação Profissional do IF Farroupilha ocorrem em paralelo, até sexta-feira (10). Os eventos, em conjunto, são popularmente conhecidos como Mobrec, nome de uma das instituições promotoras.
O professor do Centro Universitário Metodista de Porto Alegre, Marcos Rolim, ministrou a segunda conferência na noite de ontem (7). Durante sua fala, ele mostrou dados que ilustram a relação entre baixa escolaridade e violência. As informações são de sua pesquisa de doutorado, que deve virar livro até o final do ano.
A pesquisa do professor Marcos Rolim partiu de uma questão básica: "o que faz um menino virar um matador?". Para responder ao questionamento, ele entrevistou meninos internados na Fase (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo) que cometeram homicídios.
Quanto maior a escolaridade, menor é a chance de ser preso
Através de sua pesquisa, o pesquisador procurava saber se é possível reduzir as taxas criminais através da educação e, se sim, qual é o custo-benefício da medida. Marcos Rolim exibiu dados de pesquisas norte-americanas e brasileiras que comprovam que quanto maior a escolaridade do indivíduo, menor é a chance dele cometer atos violentos e, consequentemente, ir para a cadeia.
Nos Estados Unidos, por exemplo, um ano a mais de escolaridade reduz em cerca de 30% a chance de alguém ser preso. Lá, a redução de crimes provocada pelo aumento de 1% na taxa de conclusão do ensino médio chega a gerar uma economia de US$1,4 bilhões.
Segundo o professor Marcos Rolim, nos Estados unidos, concluir o ensino médio é muitas vezes a diferença entre estar preso ou não. No Brasil, a conclusão do ensino fundamental já faz uma grande diferença. Dos meninos entrevistados pelo pesquisador, todos evadiram da escola muito precocemente por motivos banais. "A escola, às vezes, é a última chance do jovem", alertou Marcos Rolim para os professores participantes do Mobrec.
Ainda segundo os dados apresentados pelo pesquisador, jovens com baixas taxas de escolarização também são os mais vitimizados pela criminalidade.
No Brasil, falta pesquisa sobre o tema
O professor Marcos Rolim disse que os brasileiros não tem costume de pesquisar nem de medir a efetividade das políticas públicas. "A educação pública no Brasil, por exemplo, é ruim porque não se mede resultado", disse.
A falta de pesquisa na área da violência faz com que, segundo o pesquisador, especialistas, mídia e a sociedade adotem teorias sem nenhuma comprovação para justificar a violência no Brasil. Como exemplo, ele citou as conhecidas teses de que "as drogas são a origem de todo o mal", "bandido bom é bandido morto", "a redução da maioridade penal é a solução", entre outras, todas sem nenhum respaldo.
Marcos Rolim, através da sua pesquisa, acredita que uma educação formal de qualidade propiciada pelas Escolas Públicas poderia reverter as altas taxas de violência no Brasil. Além disso, a maior parte dos crimes praticados e sofridos por jovens tem relação com o tráfico de drogas. Nesse sentido, se faz necessária uma nova política em relação às drogas. "No Brasil, as pessoas morrem mais de abuso de drogas ou vitimizadas pelo tráfico?", perguntou Marcos Rolim.
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Ascom
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