Reditec Sul inicia nesta terça em Frederico Westphalen
Ontem (14), teve início a segunda edição da Reditec Sul 2019 no Campus Frederico Westphalen do IF Farroupilha. O evento reúne Reitores, Pró-reitores, diretores gerais e diretores sistêmicos dos IFs da Região Sul (IFSC, IFC, IFPR, IFFar, IFSul e IFRS). O tema desta edição é “Mãos que fazem, mentes que transformam: 110 anos da Rede Federal no Brasil”.
Foto: a reitora do IFFar, professora Carla Jardim, fala durante mesa de abertura da Reditec Sul 2019
A mesa de abertura foi composta pela reitora do IFFar, Carla Comerlato Jardim, pelo prefeito da cidade, José Alberto Panosso, pelo diretor geral do campus, Carlos Guilherme Trombetta, e pelo Presidente do Conif, Jerônimo Rodrigues da Silva.
Carla destacou que a localização da Reditec Sul em Frederico Westphalen revela uma questão estruturante dos próprios IFs: estarem no interior do país, pois “foi esse movimento inverso de interiorização que levou à criação dos Institutos”. A reitora afirmou a importância do evento para o fortalecimento do espírito de Rede, servindo como um espaço para discutir e planejar propostas.
O lema da Reditec Sul, segundo Carla, “resgata a essência da Rede Federal, pautada pela transformação de vidas e territórios do nosso país”. Ela espera que o evento seja propício para a consolidação do caráter regional da Reditec, instigando a proposição de encaminhamentos para a edição nacional da reunião. “Que sejam três dias destinados a marcar a posição dos gestores da Rede Federal em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Que sejamos resistência a qualquer proposta de país contrária ao desenvolvimento da educação”, defendeu a Reitora do IFFar.
A programação seguiu com duas apresentações culturais realizadas por alunos do curso técnico integrado em agropecuária do Campus Frederico Westphalen. A primeira foi a apresentação de dança solo “A luz que há em mim” da aluna Vanessa Bellé, representando o Centro de Dança Em Cena com coreografia de Eloísa Sampaio. A segunda ficou por conta do grupo de dança do campus com a apresentação da coreografia “Passeio do Presente ao Passado”, coordenado pela professora Mariane Raposo.
Conferência de abertura fala sobre futuro da Rede Federal
A conferência de abertura foi proferida pelo ex-Reitor e professor titular do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), Denio Rebello Arantes, com a mediação do diretor-geral do campus, Carlos Trombetta.
Foto: o ex-reitor do Ifes, professor Denio Arantes, proferiu a palestra de abertura
Com base no tema desta edição, Denio contextualizou a história da Rede, os avanços do presente e os desafios impostos pelo futuro. O professor explicou que o tema do evento reflete o próprio movimento da Rede: “iniciamos com mais mãos em direção a mais mentes, em um processo que começou do mais simples e artesanal rumo ao mais complexo”. Para Denio, esse movimento da Rede Federal acompanha as mudanças do mundo do trabalho, “mas não é uma atitude de subserviência, mas de contemporaneidade ao mercado de trabalho”.
O professor colocou que, nos primórdios da Rede Federal, a função social estava para além da função educacional, uma vez que estas escolas surgiram com o objetivo de “resgatar os desvalidos da sorte, marginalizados tanto em termos econômicos quanto em termos de convivência social”. Hoje, a Rede Federal é reconhecida pela qualidade do ensino, assumindo uma posição de referência nacional em educação.
O ex-reitor do IFES destacou o papel fundamental dos gestores na expansão de cada instituição, dado que a pró-atividade de cada gestor foi decisiva, ao longo do tempo, para a prospecção de parcerias e a criação de novos campi. No entanto, Denio ressalva que a variação entre os níveis de desenvolvimento das instituições da Rede não é influenciada apenas por fatores internos, mas também externos, “fazendo com que cada IF tenha características muito próprias”.
Na visão do professor, a lei de criação dos IFs em 2008 é extremamente moderna e diferenciada: “trata-se de um marco inovador em relação às instituições tradicionais”. Para Denio, a criação dos IFs não foi um incremento, mas de fato um rompimento no rumo da educação nacional, em termos de finalidade, estrutura e modelo pedagógico. “Trata-se de um modelo novo, disruptivo e descentralizado, que tem a retomada do atendimento daqueles sujeitos invisíveis como finalidade principal”.
Foto: a palestra de abertura foi mediada pelo diretor geral do Campus Frederico Westphalen, Carlos Trombetta
Denio ressaltou ainda o aspecto multicampi característico dos IFs: “estamos onde precisa, evitamos a migração desses sujeitos para o centro”. No entanto, o professor colocou que um dos desafios das instituições é fixar esses indivíduos nestas localidades após saírem da instituição, uma vez que, apesar de permanecerem devido à oferta de ensino de qualidade no interior, muitas vezes, precisam se deslocar para centros maiores diante da falta de oportunidades no mercado de trabalho local. Ainda como um desafio, Denio acrescentou a descentralização administrativa e financeira das instituições, que faz com que as decisões sejam tomadas em um processo de democracia interna. “Nem sempre é fácil, estamos aprendendo ainda a lidar com a descentralização do poder e dos recursos financeiros, mas é definitivamente um exercício necessário”.
O processo de construção da Rede é visto ainda como em andamento por Denio, como um desafio que ainda precisa ser vencido. Segundo ele, com a expansão da Rede, “muitas pessoas apostaram no nosso fracasso, mas conseguimos manter a qualidade, tornando-nos a maior inovação organizacional na educação pública nas últimas décadas”. Contudo, o professor criticou a comunicação ainda reativa feita dentro das instituições e afirmou que é preciso dar mais transparência às ações realizadas dentro da Rede. “Precisamos sim prestar contas à sociedade, mostrar os resultados dos investimentos e tornar visível o que estamos devolvendo para nossas regiões”.
Denio encerrou sua fala apontando os desafios impostos pela aceleração de mudanças e pelas transformações no modelo educacional a longo prazo. Para acompanharmos essas modificações, “é preciso tomar o processo em nossas mãos, controlá-lo e discuti-lo em diálogo constante com a sociedade”. Por fim, o professor concluiu que “temos todas as condições para dar certo, mas devemos desapegar do sucesso presente e nos preparar para o futuro”.
Foto: palestras contam com espaço para participação da plateia; cerca de 120 dirigentes dos IFs da região sul participam do evento
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